MOTOR NOVO

sábado, 4 de junho de 2011

História atrasada, depois explico...


Sábado à noite. Único dia para sair, dar uma volta, fazer algo diferente. Eu e o marido decidimos sair para comer alguma coisa. Fomos em um restaurante que adoramos daqui de Cuiabá: Choppão. Uma casa tradicional, cheia de gente, atendimento ótimo e uma comida deliciosa.
Estávamos saboreando nosso prato, muito saboroso por sinal, e eu já estava meio tensa porque havia recebido algumas ligações do meu trabalho por conta de umas cagadas que fizeram. Apesar da tensão, nosso papo fluia tranquilamente.
Foi quando, numa fração de segundo um grito aterrorizante de uma mulher foi abafado por uma pancada muito, mas muito forte. Bem ao nosso lado - estávamos em uma mesa na calçada , o calor daqui impede de ficarmos em abientes fechados por muito tempo - um ônibus acertava em cheio um motociclista que, acreditamos que estava estacionando sua moto enquanto sua acompanhante aguardava na calçada.
Eu fiquei paralizada. Não conseguia olhar, simplesmente não conseguia. Meu marido rapidamente pegou o telefone - já que a curiosidade dos imbecis que ali estavam fez com que todos saíssem correndo para ver o resultado- e acionou o SAMU. Quando eu havia me recuperado, fiz a única coisa que não devia ter feito: olhei para trás, no local onde o ônibus havia conseguido parar. O motorista estava dando ré lentamente porque o motociclista ficou preso na roda dianteira. Só me lembro de ter visto os pés do motociclista... Foi o suficiente para me deixar de estômago embrulhado. Fiquei tonta, suava frio... tive que ir ao banheiro para me recuperar de novo.
E o caos foi instaurado: o SAMU chegou - até que rápido, se considerarmos como fica o trânsito em Cuiabá em um sábado à noite - os curiosos travando o trânsito, os urubus pedestres olhando o cara agonizando... A passagem do SAMU foi rápida: só foram úteis para cobrir o rapaz para que aguardasse o IML vir buscá-lo. Nada mais poderia ser feito.
E foi aí que comecei a divagar... Meu, qual a velocidade em que passamos de vivo para morto? Passamos de uma estatística para outra num piscar de olhos! Poderia ser qualquer pessoa naquela moto, ele poderia estar 30 cm fora do alcance do ônibus, poderiam ter ficado preso no semáforo e aquele ônibus passar antes deles chegarem... Nossa vida é muito frágil... muito mais do que imaginamos, a gente só dá conta quando coisas assim acontecem. Ele passou de perfeitamente saudável para morto muito, mas muito mais rápido do que poderia imaginar... E o que será daquela moça que gritava? Era esposa, namorada, irmã, amante? Eu não a vi na confusão, o que será que ela fez, ela viu a cena mil vezes mais horrível do que eu vi, e pior, tinha uma ligação com ele, coisa que eu não tinha... e eu fiquei mal! A cena está se repetindo na minha cabeça várias vezes ao dia...
Só resta a moral da história de sempre: Diga "Eu te amo"e "Me desculpe" sempre que achar necessário, não espere uma melhor oportunidade. Vai saber se não era uma das coisas que ele estava pronto pra dizer para a moça? Não pode dizer nem ao menos "Adeus"...

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